"Indiferença" = Poesia de Amor Desprezado= Reminiscências
Você se foi. Saiu batendo a porta
Jurando alto que jamais voltaria
Que preferia levar uma vida torta
A continuar em minha companhia
Não pode negar que eu bem avisei
Que de volta não mais a aceitaria
Que sou orgulhoso e jamais reatei
Que única exceção você não seria
Não sei o que agora fez retornar
E vir tocar de novo a campainha
Talvez queira convite pra entrar?
Ou pretende voltar a ser minha?
Pode ficar apertando esse botão
Pelo tempo que quiser e agüentar
Estão ligados o som e a televisão
Esse barulho não vai me incomodar
Confesso, sofri muito ao perdê-la
Foi bem difícil até eu me habituar
Mas juro que eu não desejo revê-la
Nem em casa nem num outro lugar
Da janela a vejo com a mala na mão
Ar aflito e um jeito de abandonada
Não me comove; fechei o coração
Como na música, “és página virada”
Pode tocar o dia inteiro, inteirinho
Ou noite afora também se o quiser
Você se foi, desprezou meu carinho
Aceitou-o, grata, uma outra mulher
Puxa, que pena!! Começou a chover...
A água escorre generosa lá de cima
Mas aqui você não poderá se proteger
Por mais que este botão comprima
São Paulo, maio de 1982