Estações

Eu te amei como uma flor

de primavera

que floresce por engano

no inverno.

Te amei sem sol,

só com o seu calor.

Quando ele acabou

- porque tudo um dia acaba -

eu congelei

e os raios de sol

me queimaram.

E eu não tive chances,

encolhi e perdi minhas cores.

Elas só voltaram depois de anos

e não foi por amor.

Eu não sei se ele é real.

Eu quero muito acreditar

que todo o amor que leio nos livros

é real. Talvez ele seja.

Mas talvez não seja

para todos.

Talvez, meu destino

seja escrever sobre ele,

e não vivê-lo.

Qualquer parte dele

já me aquece a alma,

então está tudo bem.

Mesmo que eu não o tenha,

eu vou viver também.

Só preciso me lembrar

de visitá-lo vez ou outra.

Assim, terei como viver

uma aventura de cada vez,

da mesma maneira que vejo

minha vida acontecer

aos meus olhos

e não à minha pele.

Estou parada na estação

da vontade,

observando o trem da coragem

passar por mim.

Aceno, mas ele não para,

continua à vista em alta velocidade.

A estação está vazia,

porque o sonho levou embora

todos os planos que fiz

antes de dormir

e eu esqueci de todos eles.

Agora, não consigo mais partir.