QUANDO O AMOR SE CALA

Não era só a tristeza em seus olhos que me doía ao ver.

Quase podia sentir sua dor, e isso, mais ainda me entristecia.

Eu, solidário mas calado, apenas ao seu pranto assistia

E seu olhar molhado me dizia o que seus lábios não sabiam dizer.

A noite punha sua sombra no brilho do seu olhar

E eu não sabia o que fazer para te trazer de novo o dia.

Te sorri, sem jeito, querendo te passar uma alegria

Que eu tinha em mim inteira para te dar.

Mas, como dar a você o brilho da alegria

Como trazer de volta esse sorriso lindo

Se parece que sempre que eu chego você já está indo

E a cada gesto meu mais você se distancia.

Ficar parado, te olhando assim, não sei se agüento

Te dar o meu carinho não sei também se é o bastante.

E o tempo passando em seu caminhar constante

Sem querer dar espaço a esse sentimento.

Só fica então esse silencio morno... doído,

Na inércia das horas de amor que o tempo não nos trás

Sabendo que pior do que se fazer errado é quando não se faz.

Que não tentar faz tudo parecer perdido.

Não posso, não devo e não quero acreditar em nada

Que faça a vida, sua beleza e sua essência vã

Que fazer então, se o tempo passa tão depressa?

E essa noite, porque não passa me trazendo o amanhã?

Sinto a noite no seu olhar, olhar que me prende e afasta,

Dando-me a desesperança do amor que não se dá

Que não se entrega e em silencio diz que me quer

Que quando digo que me vou, me pede que não vá.

Que fazer com esse desencontro que dói tanto

Que as vezes saio de mim p’ra fugir dessa dor?

E, assim, quanto mais fujo de mim, mais te encontro

Quanto mais me digo não, mais quero teu amor.