AMADA MINHA

Amada minha, que lhe sou estranho,

Que não advinhas meus anseios apaixonados.

Estais em todos os lugares, mas não ao meu lado,

Ignoras o ducado que em meu coração amanho.

Meus olhos apenas se abrem para te ver,

Sonambulo pela vida, vivendo encantado.

Poderás, amada, meu futuro antever

Por te amares tanto como um Orfeu condenado?

Emudeço para não revelar ao mundo confissões,

Ensandeço enquanto dissimulo minhas confusões.

E a vida passa, meu tempo é curto e não tenho paz,

Meu amor é tanto e nessa agonia a esperança jaz.

Que ironia morrer de amor e continuar vivendo,

Sádica tortura do membro perdido que continua doendo.

Parte de mim deseja que tudo passe, desesperadamente;

Outra parte se alimenta disso como viciado, alucinadamente.