LUA MINGUANTE

A lua estava minguante

E por um instante lembrava

Uma adaga nua

Cortando o céu anil.

E quem viu teu pranto diria

Qual manto cobria em vão

Tua tristeza absconsa.

Teus olhos celestes cintilavam

O Centauro e o Cruzeiro do Sul;

Infinitas constelações reluziam

Na caótica ilusão fatal,

Que do facho de luz erguia

Como punhal num golpe mortal.

E a lua, outrora minguante,

Vazava com as lágrimas tuas;

Tingiam, sensuais e fulminantes,

Uma aquarela letal.