Travessia
Dá-me a mão
E atravessa comigo
Essa ponte.
Não é nenhuma das que
Atravessamos no Recife.
Não há por debaixo
As negras águas
Do Capibaribe
Refletindo raios de sol
Como espelhos
Móveis e bêbados
Das indecisas manhãs.
Nem cheia de luzes coloridas
Iluminando catamarãs
Já iluminados
Com flashes das máquinas
Fotográficas de turistas.
Muito menos a movimentação
Incessante de carros
E ônibus seguindo
Qualquer direção
Pelo ardente
Asfalto.
Essa é bem maior,
Longa, deserta,
E menos bonita.
E de antemão te aviso:
Encontrarás algumas partes
Em ruínas.
Buracos espalhados pelas pistas
E calçadas interditadas.
Mas mantém tua mão na minha
E a atravessa comigo.