Coração trovador

A felicidade de um pobre poeta

festim de carnaval seu brilho parece

ensaia a florescência o ano todo

para tudo acabar na quarta-feira.

Como uma gota de orgalho tênue

tem vida breve de folha outonal

em um piscar de olhos da lua,

goza o inspirado poema de amor

levando amantes a loucuras

e logo após se confina solitário

a sonhos de fantasia efêmeros.

Seu doce desejo se amargura

e temendo padecer desventura

em gente das águas que inventa,

delira, mata-se e por fim renasce,

move toda a aurora sobre o mar

com a cabeleira ruiva da rocha,

no anzol-emoção pesca o mundo,

cardumes de versos o vestem.

Metaforiza perdão ao passado

em tantas primaveras sonho parindo

que ninguém imagina se ri ou chora

o vulnerável lírico coração trovador.

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 18/01/2008
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