Vila Rica de amor

Foi numa tarde serena

De um dia após um outro qualquer

Onde a Vila já não era tão rica

E a tarde vinha desmaiando lentamente

No colo da doce morena

Ataíde há muito já tinha dado sua arte final

Que afinal se findasse por si só

E o Arcádio poeta revolucionário?

Ninguém sabe, ninguém viu, nada se concluiu...

Ah, nada agora me interessa senão a minha pequena

Na porta da Igreja de São Francisco

Pecava por ela que era pedra valiosa de outro

Justo num lugar onde houveste tantas derramas

Derramo meus versos sobre lembranças de lá

Talvez, se fosse um tempo atrás

Nessa falta que sinto da minha musa bucólica

Antônio Francisco, na imperfeição do seu corpo

Esculpisse os perfeitos traços dessa mulher pra mim

Por ela, naquela tarde sedenta

Arredava Marília, Lisa e Helena

Trocava todo meu ouro pelo quinto dos infernos

Daqueles braços brancos

Na verdade

Deixo a história, as liras, lendas e fábulas

E me enforco nessa corda do amor perdido no passado

Inexistindo no presente

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 22/01/2008
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