ÁGUA DAS ÁGUAS

Água que corre nos leitos,

Seguindo por entre caminhos sinuosos,

Fontes e néctar dos deuses,

Onde me deleito em seus dotes virtuosos.

Água fonte da vida, do novo caminhar,

És sinônimo de harmonia,

Coração puro em meu peito,

Descendo as corredeiras no palpitar.

Sou caminho que as águas percorrem,

Sem perceber sou eu e sou você,

Sou castigo infinda beleza,

Que deságua em meu novo alvorecer.

Na cachoeira de meus sentimentos,

Sinto o gosto da água a correr,

Sinto-me nesse instante obscuro,

O mais ínfimo e repugnante ser.

Perdi sua beleza nas corredeiras,

Desse mar de sal e odor,

Maculei seu semblante de virgem,

Pensando em mim lhe causei tanta dor.

Hoje sofro calado e solitário,

Nesse cenário de muita atração,

Vim eu de encontro às águas,

Para ver se encontro seu perdão.

Nas moradas mais trevosas e profanas,

Desse lindo e intrigante mundo submerso,

Nas profundezas de meu interior,

Achei o rio que não me permite regresso.

Carlos Falcão
Enviado por Carlos Falcão em 24/01/2008
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