JARDIM UTÓPICO (DUO INOCENTE)

JARDIM UTÓPICO (duo inocente)

Magníficas exalando um perfume inebriante

São as rosas expostas ao orvalho fecundo

Já viu tanta beleza, tanto lume estonteante?

Mais sutileza e doçura não há no mundo

Quando afagas meus cabelos e murmuras

Palavras de amor a este nobre vagabundo

Olhai as flores no jardim, todas são puras.

Reflete o querer, teu sentimento por mim.

E se é assim, digo que és digno, tem lisura.

Senhorita, tu és minha razão, tudo enfim.

Maior paixão nem as flores podem exprimir

E não sei como resistir a teu cheiro de jasmim

Meu vaga-lume, és tão ousado, tento resistir.

Estes olhos amendoados, piscando sem parar.

Deixa-me atônita, hipnotizada, sempre a sorrir.

Mas sou uma trepadeira, singela a esperar.

Sou abrigo de jasmineiro, daí vem o cheiro.

Que o faz perder o juízo e ainda querer cantar

Disfarço-me de grilo ninguém perceberá

Salto por entre as folhas e confundo-te a visão

Beijo-te e em estribilho faço a festa, verás...

Arranca este ramo de brinco de princesa, então.

Está a atrapalhar tua investida, quero te abraçar.

Hoje serei tua rainha, entregar-te-ei meu coração.

Finalmente ao céu irei subir para te encontrar

E por entre lírios e cravos, um amor perfeito

No paraíso deitarei e juntos vamos nos amar

Dá-me tua boca, em teus carinhos eu me deleito

Nem mais uma palavra, vamos ao que interessa

Fazer o quê, pirilampo falante tem os seus defeitos!

Tânia Mara Camargo
Enviado por Tânia Mara Camargo em 30/01/2008
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