DÁDIVA DO AMANHÃ
DÁDIVA DO AMANHÃ
Josafá Sobreira da Silva
Quero entendê-la e muitas coisas lhe pergunto.
Desejo ouvi-la e poucas coisas me responde.
Quero manter-me em torno dela, sempre junto,
Ou conduzi-la junto a mim, não sei pra onde.
Penso em levá-la, mas não sei pra que lugar...
Como esperar que a sua boca me responda?
Preciso urgente os meus segredos partilhar,
Nalgum lugar, em que, também, nada me esconda!
Quero prendê-la, sem que escape ao meu feitiço.
Quero tomá-la, sem que saiba que eu a tomo.
Quero atraí-la, sem que se aperceba disso;
Torná-la minha de algum modo, não sei como!...
Por que possuí-la, ainda mais do que eu a tenho,
Se, em tal conquista, eu me embaraço desse modo?
Será que temo por meu fraco desempenho?
Ou, na certeza da vitória, eu me acomodo?
Quero senti-la, como a praia sente o mar...
Qual lábio seco vai nos beijos se banhando,
No gozo ímpar da beleza de ser par,
Ser um com ela, qualquer dia, não sei quando.
Se ganho fé para pedi-la em casamento,
Se até pressinto que hoje amplio meus espaços,
Por que exigir-lhe decisões neste momento,
Entre os sorrisos, cada vez menos escassos?
Nessa esperança, eu me encorajo e me agiganto
E grito a todos que ela já me corresponde!
Essa mulher há de ser minha – eu lhes garanto! –
Só não sei como, não sei quando, nem sei onde...