ABRIGO
Abrigo em minha alma
Ilhas dormentes, mares azuis silentes
Areias douradas, rochas ásperas e
Vários sedimentos seculares do nada.
Há também vulcões roucos,
Verdejantes montanhas e bichos loucos.
Esse meu mundo te pertence.
Esse, que eu conjuro para a tua vinda,
Escancarando janelas opacas,
Destravando portas vetustas:
Vem, pois, doce zéfiro em mim!
Há uma fonte pura, inesgotável,
Para saciar a tua sede,
Uma encosta na relva viçosa para
O teu descanso entre girassóis
E margaridas. E um parque de diversões
Para teu deleite em minhas vertigens.
Canções e poemas te aguardam,
Agradam-me teu olhar e tuas mãos,
Tuas unhas rasgando o meu pudor e
Arranhando as cordas do amor:
Clamarei aos deuses para improvisar
Uma chuva de estrelas para te adorar.
E no dia que em nós se encerra
Aves multicores ensaiam o teu nome
No meu céu, em atrevidas piruetas,
Desafiando altura e gravidade:
Avivando o sonho de felicidade.
© Jean-Pierre Barakat