Anti-herói

Como há de haver,

De ser, assim, tão paradoxal:

Amar-te e lutar contra ti,

Combater tuas palavras

Guardando-as pra mim,

Extinguir o encanto

Pedindo um tanto mais?

Como há de haver,

De ter trégua, se não haverá final?

Se o amor que tu sentes, me negas

E não negas sentir meu amor?

Vou lutar contra quem quero bem?

Vou brigar se não quero me opor?

Como há de haver

De prever um fim tão incondicional?

Espadas se encontram sem ferir,

Escudos se testam sem sentir

Que, ao invés de tentar destruir,

Lutam por meu rival.

12 de dezembro de 2005