Sem título
Porque me dás poder sobre ti,
Se ao mesmo tempo roubas, aos poucos,
Cada peça da minha alma?
Passas-me a mão no rosto,
Molhado pelas lágrimas de desgosto
Ou suado de paixão e dizes que me amas…
Dás-me o teu colo, o teu ombro,
Os teus braços e os lábios,
Mas não serás capaz de me dar o que te peço?
É assim tanto pedir um novo começo
Para algo que nunca findou?
Ofereces-me memórias,
Presenteias-me com as nossas histórias
Que não acabam e que provavelmente não terão fim…
Não sou assim tão demente
Que não veja o teu contento em teres-me só para ti,
Em manteres um segredo, sem medo, que me magoa…
Sou, já, outra pessoa, que não respira, novamente,
Sem o sopro da tua presença.
Não és a mão que ampara a minha queda,
Mas aquela que me segura…
És a intensa paixão
Que preenche cada minuto do meu dia,
A existência que me guia e a razão do meu luto.
Deixa-me só.