Duelo

Enquanto relembrávamos

velhas e presentes lembranças,

a magia de um duelo aconteceu.

Olhei-te, por momentos,

olhaste-me, também.

Os nossos olhares cruzaram-se

numa deliciosa e perigosa

perseguição de algo

que não compreendi.

Num momento,

fugi para um lugar distante,

enquanto os meus olhos

acariciavam os teus.

E, subitamente,

neste silêncio troante,

beijaste-me e eu beijei-te

como se fosse a última vez,

a única ou a primeira

de muitas outras.

E após este súbito encontro furtivo,

reconhecemo-nos apenas com um toque na face,

olhando olhos nos olhos,

num silêncio ensurdecedor,

por longos instantes, apenas.

15 de Agosto de 2003