A RIVAL

Criei-te rival

odor transpirando

na pele do homem

que chamei de meu

sem poder para arrancar-te

de nós.

Criei-te outra fêmea

para o prazer do homem

que me chamou de sua

sem poder para arrancar-te

de mim.

Em nós

uma grande brecha

para abrigar-te assim

imensa como és.

Mulher assim transbordante

deste imaginário

na cama do homem

que em noites

incontáveis

no sêmen

de segundos

foi entranha em mim.

Talvez por tão bela

antiga como não fui

talvez pela fragrância

na pele

no rosto

dos versos

Cântico dos Cânticos

mulher, quero amar-te

não por ti

não mais que

pela suspeita

de também habitares

a saudade do homem

que em noites incalculáveis

no bater dos segundos

chamei de meu.