Poema para um Amor - VII

Entre os meus dedos

Derrama-se o anoitecer.

Cobre-me um horizonte de estrelas,

Enquanto vagueio pelo impreciso.

Ouço o canto noturno da solidão,

Eloquência definitiva da tua ausência

Trazida pelos acordes de Chopin.

Por sobre os meus lábios,

O esplendor lasso

Do teu sorriso enigmático.

No presumir da imaginação

Teu olhar e minha vida

Na uníssona linha do infinito.

Entre as páginas suspensas

Do meu pensamento,

A tua e a minha história,

Grafadas em tantas esperas.

Meus olhos atravessam o longe

Sem qualquer hesitação,

Percorrendo os passos

De uma óbvia saudade.

Nada é incompreensível, nem impossível,

Quando o coração regressa

Ao caminho que tanto reconhece.

Sei dos braços que me esperam

E dos olhos que se fixarão nos meus.

Sei da palavra ansiada e desejada

Que me estenderás,

Quando se fizer silêncio

Entre a minha e a tua boca.

Volto-me a que sou

Em frente ao sonho,

Tão íntimo, tão próximo

A revelar-me o secreto desejo.

Nenhum gesto a limitar-me

A carícia, o toque, o desvelo.

Um mistério se prolonga

Nesta paz súbita de te pertencer.

Tu, doce e indelével miragem

Imagem vertiginosa e mansa

Plasmada para as minhas mãos

Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 22/02/2008
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T870414