Amor sem fim

I

Bebes de mim,

Saqueias o meu ser como se eu nada fosse…

E dizes tu que não és!...

Se achasses que não és,

Não me cuidarias como se eu não fosse.

Continuas a pilhar tudo o que é sentimento de mim,

A surripiar as minhas lágrimas,

O meu sofrimento, às escondidas,

Pé ante pé, em cima do meu corpo.

Dás-me a felicidade e roubas-ma logo de seguida…

Como és cruel…

Eu sou mel e tu o fel que me amargura…

Estou segura de que a proximidade

Que nos tem separado é má, grande e estúpida…

Porque não sabe separar-nos de vez!

Só pode ser mesmo muito néscia!

Se tentasse atravessar uma estrada,

Com certeza seria atropelada,

Porque nunca se lembraria de olhar antes…

Tal como não encontra

Uma forma de nos levar um do outro,

Sem retorno.

Podíamos tentar matá-la…

Mau como és, às vezes, para mim,

Conseguias de certeza…

Pelo menos, magoá-la só um bocadinho,

Para que não conseguisse sair de casa…

Fazias-lhe o que me fazes a mim.

Talvez ela aprendesse a fazer as coisas de forma digna.

II

Leva-me para o infinito,

Para um lugar feio, bonito,

Para o fundo do mar,

Ou topo do mais alto penhasco…

Faz-me recordar que estou viva, que sou eu,

Que posso não ser muito, mas que sou…

Leva-me embora,

Para longe da realidade que conheço,

Para longe do berço em que nasci.

Faz de mim o teu porto,

Um outro lugar onde te sentes seguro.

Pede-me a mão,

Que a agarro com todo o peso do meu corpo,

Roga-me o mundo e eu conquistá-lo-ei por ti,

Implora os meus olhos que eu tos darei,

Sem hesitar, pede amor, pede-me dor…

Implora o calor do meu corpo… È teu!

Mas não usurpes a minha alma.