Suspeito por opção

Sou suspeito em falar do seu espírito

Sou suspeito pelas palavras que faltam à minha alma

Suspeito da identificação de sua intensidade que incomoda

Suspeito por deixá-la consciente do que não sei explicar.

Aprendi a lhe ver

Aprendi a lhe respeitar tal como és, sem mesmo tocá-la ou beijá-la

Aprendi a abrir resignado o meu teimoso ouvido para lhe escutar e

Aprendi a tocar sua aura como se uma página dos meus livros fosse

Desejo lhe fazer uma festa de nossos encontros em vidas passadas

Desejo tocar os detalhes de seu valente e gracioso corpo

Desejo vê-la sorrir em minhas idas e vindas

Desejo o querer do desejar intenso da vida intensa dos claros olhos que tem

Sinto-me culpado por desejar o que não posso

Sinto-me desiludido pela impossibilidade da entrega do meu coração

Sinto-me culpado por não tê-la e não protegê-la

Sinto-me culpado por minha covardia e um pecador sem fim

Confesso minha pequenez

Confesso que não lhe arranco de minhas retinas

Confesso minha incompetência em matá-la no meu ser

Confesso que já não sei onde começa o eu e termina o eternamente seu

Nada como o tempo

Nada como o vento

Nada como as lágrimas secadas no lençol

Nada como ver e viver intensamente a sua intensidade de longe e de perto nos poucos momentos que permitiu minhas fracas e titubeantes palavras...

Esperar é o meu destino

Esperar porque acredita na intensidade da espera

Esperar eternamente o que sinto que jamais acontecerá

Esperar o inesperado da rosa que nasce lá fora solitária na chuva que esperamos cair...

Caminho na solitude minha querida.

Caminho nas dores eternas dos seus olhos claros

Caminho nas poucas mudanças que permite ter

Caminho tal como um bêbado, sorrindo para você na janela que não me vê

Os seus olhos são meus e teus

Os seus olhos merecem melhores versos, mas me esforço por fazê-los

Os seus olhos não podem morrer em minhas palavras

Permita que eu os beije e que eles brilhem na porta do meu coração e que vejam o quanto lhe desejo e amo.