DELIRIO - Regina Lyra

Não castigue

com o silêncio pesado,

não grite

com o olhar penetrante,

lâmina aguda, afiada

retirada da bainha suja.

Não se torne um algoz

com a sua voz,

não se deixe plantado

com o sentimento do nada.

Não permaneça só

não crie caso,

conjugue o verbo amar

no caldeirão borbulhante de um desejo.

Na espuma do banho flutuante,

marque o corpo com os seus beijos.

No murmurinho do afã

se permita o arrepio,

inquietante delírio nos seus dedos...

(Poema publicado no livro Insensatas Palavras. Ed. Universitária: João Pessoa, 2003).

Regina Lyra
Enviado por Regina Lyra em 24/12/2005
Reeditado em 23/12/2005
Código do texto: T89933