Brilho de todas as luas
Vi longe daqui, naquela rua
onde todos passam, uma estrela
cadente jogada no chão.
Pensei,então, o que fazia ela
naquele lugar frio e sem cor?
Perdeu o seu amor?
Invejou do jardim a flor?
Perguntas me fiz,
que depois foi ela quem diz:
estrela não fala, não canta e nem dança!
Quem disse também que precisa?
O seu brilho já revela toda sua
tristeza, sua alegria...
E assim se foi aquela noite,
cadente porque do céu caiu,
carente porque só eu a vi.
Mas nada disso agora importa,
há olhares bem mais perdidos que palavras,
há desejos escondidos dento do peito.
Bastou-meu a despedida, não pude evitar,
quis a levar, e levei,
junto a mim carreguei.
Aquele brilho caído, vindo lá do céu,
esquecido naquela rua.
De vez em vez, pessoas passam distraídas,
não reparam em suas ruas, em suas estrelas,
no brilho de todas as luas.