Até amanhã...

Onde está você, querida?

Talvez, dando uma volta,

Clareando um pouco a cabeça

Depois das palavras escuras que te falei.

No auge da raiva,

Um pensamento qualquer me cegou,

Falei umas bobagens

Quando devia ter te dado um abraço mudo.

Você me conhece bem,

Sabe de todos os meus defeitos,

E até mesmo os mais secretos,

Eu te revelei em algum momento.

Só toma cuidado nessas esquinas,

Onde esses homens oportunistas,

Falam de um amor vazio

Com frases bem decoradas.

Me ouve, amor

Eles não sabem do teu sofrer,

Não lhes dê atenção,

Apenas caminha com tua dor.

Deixa que eu fico cá,

Com minha insensatez tagarela,

Com minha dor na calçada

Esperando você voltar.

Ninguém me garante teu regresso,

Afinal, cada canto é uma armadilha;

Pra uma moça linda assim,

O mundo se abre inteiro.

Deixa só a noite seguir,

Te lembrando de quando te fiz sorrir

Com minhas piadas sem-graça

Que vi na tv.

Ou da nova música no rádio,

Que te pedi pra ouvir,

Afirmando que a letra da canção

Falava tanto de nós.

Quando você sentar no banco da praça,

tentando não chorar em público,

Lembra que a rua toda

Sabe o quanto eu te amo.

Quando você chegar em casa

E a mágoa te fizer rasgar nossas fotografias,

Olha meu sorriso sincero no papel

Só por estar ao teu lado.

Te dou um tempo pra me perdoar,

Mas não demora muito,

Porque a tristeza é uma sem-teto

Querendo me invandir.

Olhei o horizonte,

De onde carros barulhentos

Vinham rasgando a rua,

E percebi que era inútil te esperar.

Você continua por aí,

Já deve ter ligado pra alguma amiga,

chorando e praguejando nosso amor

Tão sem culpa.

Esquece de tudo, querida

Nenhuma palavra é tão forte assim,

Ao ponto de afastar

Meu coração do teu.

Mas, te entendo;

Deixa a noite curar,

O silêncio apaziguar

E a saudade apertar.

Dorme bem...Boa noite...Até amanhã.