DESCONFORTO

Às vezes me sinto antiquada nesse mundo.

Antiquada com as coisas que vejo,

Começo a achar que o romantismo foi esquecido,

Ou só existiu nos livros que o relatam com a definição de contos de fadas.

Me sinto como se as paredes do meu quarto tivessem sido tiradas,

E como se estivesse nua diante de uma platéia que ri das minhas formas.

Às vezes me sinto muda com as palavras,

Como se elas mostrassem como verdadeiramente sou,

Nesse mundo onde o amor está a segundo ou último plano,

Onde até os planos são esquecidos, para dar vasão aos desejos da carne

Desejos esses que no ápice do prazer são apenas conseqüências

E que logo após, trazem conseqüências a quem amamos

Às vezes minhas sensações não fazem muito sentido,

São mil pétalas de uma flor,

E o amor? Onde está ele?

Jogado entre as páginas de um livro empoeirado, esquecido num lugar qualquer.

Entristecido pela angústia dele mesmo

E eu?

Não consigo compreender o que sinto afinal.

No ápice dos desejos o meu amor, desfrutou de outros braços e saciou-se,

Ver é diferente de pensar, e uma dor sufocante atravessou a minha mente...

E agora perdida sem chão nem espaço, Estou eu.

Numa situação de autodefesa para não me machucar mais ainda,

Com o desprezo auferido ao que sinto.

Choro...

E permaneço num estar e não estar...

Num desconforto...

Querendo uma mão para sair daqui...

Soltar-me das amarras que me prendem a essas angústias no vazio da minha solidão,

Eu tenho medo... medo desse amor que sinto, penso que estou num mundo irreal, dentro daquele mesmo livro empoeirado que foi esquecido no começo desse texto.

Priscilia Nascimento
Enviado por Priscilia Nascimento em 03/04/2005
Código do texto: T9445