ARRASADORA AUSÊNCIA
Noite chuvosa, relâmpagos que ferem a vista,
Olhos arregalados, atentos à volta, como em revista,
Raios causativos de ensurdecência, quantos decibéis ?
No criado-mudo, carteira, relógio, anéis.
Ventania amedrontadora, aniquiladora,
Quatro paredes, piso jacarandá e laje branca,
Armário embutido inerte, na parede o quadro " Sedutora ",
Sobre a cabeceira, uma imagem estilo barroco, de santa.
Cenário de solidão e insopitável demência,
Que o amor incita, sem a mínima comiseração
E o temporal, descrito com maledicência,
Mete pavor, mas não chaga cruciante o coração,
Tal qual a lastimosa, arrasadora ausência...
De quem sinto uma imensurável paixão.
Passar momentos árduos como tal,
Não tem o significado explícito de viver
Não chega a esboço, rascunho estrutural
Da existência...é mais a prolepse de morrer.
Auro.