Delicadeza

Trouxesse, eu, em meus olhos a palavra;

Trouxesse, eu, em minhas mãos a carícia;

Trouxesse, eu, nos meus seios ainda o leite...

Os olhos falariam de amor,

as mãos tocariam como instrumento,

a canção seria feita de calor

e o leite seria o teu sustento;

Tivesse o meu canto o acalanto

que fosse doce a ponto de ninar,

que pudesse secar qualquer pranto

e de algum modo te bastar;

Pudesse a minha boca levar um beijo

antes que a aurora se fizesse,

antes que o fogo do teu desejo

pelo meu corpo se desfizesse;

Daria, eu, a palavra que acaricia;

Daria, eu, o toque que sacia;

Daria, eu, o êxtase do que em nós é terno

eterno

e que, ao final, principia.

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