ABRIGO QUE TE CHOVE VIDA

Sou dono dos teus devaneios de manhã que tarda a nascer

Sou teu pequenino espaço entre o saber e o acordar

Os poucos compassos de uma canção tranquila

Sou aquele que aniquila tua solidão

Dôo aos teus braços minha condição

Sou teu sofá de sala quente

Tua intermitente agonia

Sou a alegria do teu gozo estridente

Sou teu presidente

Teu criado

Tua mansidão...

Sou dono dos teus plantios indulgentes de esperança

Sou tua dança desvairada de passos fora do tempo

O tempo que nos transforma em ponteiros lentos

Sou aqueles tentos do final do jogo

O fogo das tuas costas quentes

Sou teu ponto de apoio

Teu joio e teu trigo

O abrigo que te chove vida

Sou tua lida

Teu amante

Teu amor...