Me Perco por Vales

Corria por vales

Estes tão enegrecidos e fracos

Lamentando minha fraqueza

Estando a central de minha malandragem

Nestes momentos de loucura

Incorporava os Sátiros

Sonhava feito Eros

Negava a carne, a face, o dinheiro, meu toque

Dava com os burros nágua

Questionava, questionava e negava

Aprendi a viver de um modo errado

Era um poeta, que nunca havia amado

Meus versos cantavam à Lua

Iluminava esta minha praia

Reabastecia-me de dores

Dores sem esperança, sem sentido

Mas ainda reais

Sucumbindo a mudança real

Para não serem esquecidas

Mudava e mudava

Seu rosto, enfraquecia-me

Mas tudo tem um remédio

Que pode surgir dos lugares mais esdrúxulos

Ressurgindo das sombras

O remédio que queima

Seu fogo flechado pelo filho da beleza

Fazia-me enxergar

A negar a lua de meus versos

Esta luz, não mais me afeta

Não mais cairei em vossa tentação

Não mais serei meu ex-eu

Não mais sepultarei o que sinto

Permito as brasas me queimarem

Permito as navalhas me cortarem

Tinjo-me de roxo

Conto-lhe meu ponto fraco

Mas nunca, nunca me deixe só

Não me deixe mais em órbita desta lua

Você possui a força de me tirar de lá

Somente você foi capaz

E não foi a toa

Por fim de palavras

Por mim e por você

Que sejamos abrançoados pelas Parcas

Renan Reis
Enviado por Renan Reis em 16/01/2006
Código do texto: T99689