Olhar

Teu olhar, sem piedade, me traga

Embriaga, afaga, acende, apaga

Esqueço do mundo, fico cega

Quando demoras no meu corpo

Lágrimas escorrem pelas minhas curvas

São as águas de março, as dores que faço

Sofro, pois não te posso mais expulsar

Agora já és parte da minha história

Relembro nossos minutos sozinhos

Fico horas repassando teus passos

Ainda te sinto, e me ressinto

Porque já deveria ter te esquecido

Não sei por que insistes em morar

Neste meu coração árido

Não sei por que persistes em plantar

Sonhos que em mim não irão germinar

Sou terra seca, maltratada, abandonada

Que aprendeu a retirar da pouca chuva

Gotas de amor para sobreviver

Não tens obrigação de me compreender

O teclado é companheiro das madrugadas

Paciente, compartilha de todas as minhas moradas

Dele não sinto vergonha, medo, culpa

Falo com ele como se fosse contigo

Não entendo tuas atitudes

Tua frieza, como se me culpasses de existir

Teu anseio, como se me quisesses dominar

Sentimentos que culminam na separação

Agora estás nos braços de outra, eu sei

Esquecestes de mim assim tão rápido...

Eu fui brisa num domingo de sol

Quando fostes raios em violenta tempestade

Deixastes marcas, já eu não te impressionei

Mas na verdade, confesso, jamais esperei

Manter-te ao meu lado, amarrado

Por compromissos ou convenções

E sim pela força das emoções.

Enfim aprendi, de novo, caí

Das alturas, cheguei ao inferno

Do céu, conheci as punições

Para quem se permite viver aquilo que vivi.

Luzz
Enviado por Luzz em 20/05/2008
Código do texto: T997143