Poesia fingida

Quem é esta estranha,

que pousada à janela surpreende-me

e faz cantar às primeiras horas do dia?

"Não vês que a mentirosa poesia

Quer atear fogo,

Acender um falso brilho!"

Eu sei minh’alma...

Mas deixa-me ser desta obra

mais que prima!

Mãe, irmã

ou a pobre vã estrofe

de um refrão barato!

Que eu seja a rima menos forte!

Pois ainda que falso

o amor que em mim promove e desatina

vem como clave de sol em triste inverno

Cravada ao peito...

E ainda, que me minta esta euforia

Doa-me a paz

E a poesia fica divina!

(Marisa Rosa)

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 20/05/2008
Reeditado em 21/05/2008
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