Marisa Monte

Marisa Monte

No monte olímpico

Que guarda os deuses

Reinas, Marisa

Seguida das reses

A Brisa me avisa

No mar, que te escondes

Qual o sopro da alma

Que sai da garganta

No jeito que cantas

Sereia cantante faceira

Inteira gemas e pérolas

O mínimo que cantarolas

Convulsa a atmosfera

E o mar se levanta em marolas

Os elementos te acolhem

E aplaudem teus hinos

Teus filhos imploram ninar

A alma pulula na carne passiva

Procura teu canto encontrar

De costas ao sol, até as flores

Te buscam no oco escuro das bocas

As cordas que vibram canoras

Na harpa diáfana e retilínea

Que conténs no teu físico

Um milagre nas ondas sonoras

Espalhando o pavor

Nos ouvidos incautos

O sopro de vida que espalhas

Percorrendo o espaço extático

A pausa no tempo que causa

O teu pulsar mediático

És um milagre contido, um súbito espanto

Matéria divina contida em humano

Cuja origem remota destranca-se

No tom surreal do teu canto

(Djalma Silveira)