BRASÍLIA: Capital da República!

Brasília foi privilegiada

E com a ajuda de nobres operários

Formou-se a capital alada

Pelo visionário mineiro Juscelino

Transferiu do Rio a sede federal

Para o Planalto Central

Com as asas do imaginário

Um deles, Athos Bulcão

Capaz de gerar nos homens

Traços belos e arquitetônicos

Espaços criados por Niemayer

Que encantam pela leveza

Sentimentos que transcendem

E explodem feito um vulcão

Cuja lava nos lava a alma

Tudo acalanta e nos acalma

Pela chama que inflama

Os corações dos poetas

Soube o mestre modesto

Concretizar átomos

Em formas supremas

Dando a cidade clareza

Por onde se vê a beleza

Pujante da natureza

Para doar ao "Usuário-Espectador"

O ardor da abstração

Em suma, gratos somos

Em poder aqui viver

Estudar e crescer

Com as luzes do saber

Por termos como artista

Um homem que avista

A essência dos cromos.

Há poucos dias ele se foi

Partiu ao céu o nosso Athos

No ato silencioso do amor

Parceiro do Lúcio Costa

Com sábias linhas puras

Aqui se sente bem o clima

Inconstante temperatura

Onde o mar sequer sussurra

Na terra ressecada

Assim a Belacap se divide

Meio ano é só ar rarefeito

Chega até 10% de umidade

Pior que o deserto do Saara

Noutro meio corre a chuva

Aí o verde desponta na terra

Habitam secos rostos

Que em classes se confinam

E os ricos determinam:

Pobre aqui vai para as ‘satélites’

O que chamam por aí de periferia

A camuflagem é bem selvagem

Nessa terra não há mistura!

Eixos bem policiados

Dentro do Plano

Que é puro engodo

Fora dele o crime

Rola livre e solto

O que não estava no plano

Ficou no entorno

E o lago artificial

Que é de fato enfeite bonito

Com uma ponte fenomenal

Formada por arcos geniais

Compõe um adorno

Os prédios e a Catedral

Do distrito "ideal".

Dueto: Elisa & Hilde

Nota: Inspirado no poema de Elisa Popye

com o mesmo título e escrito em homenagem a Athos Bulcão.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 25/09/2008
Reeditado em 31/01/2011
Código do texto: T1195191