As mãos Braille
Na avenida um senhor caminhando
Atento lendo seu mundo
Nas mãos um livro Braille.
Celas, pontos, identificações.
Gostaria de ter penetrado,
Naquela história, naquele momento.
Cabelos brancos, olhos foscos.
Reglete prendida ao papel,
Punção fazendo pressão
Para um conto delinear.
Esse mundo contrariado pelo claro.
Claro existe nas idéias.
Imagens do buraco negro sideral.
A mão que desliza o papel
Perfura formando idéias,
Leitura expressiva de algo interessante.
O que será senhor que estava lendo?
Logo sentado e por vez levantado.
Íris embaçada, córnea turva.
Lembro da bengala encostando o chão.
A mão ainda escorrega nas saliências do Braille.
05/10/08