Blues pra Minha Nanninha

Você não está distante,

posso sentir o cheiro

dos ácaros dos seus livros

enfileirados numa estante.

Letras presas e emboladas

em palavras que não entendo

- seqüências entrançadas,

nas entranhas engargaladas

de uma teoria importante.

Do casulo às asas azuis...

E azuis são os muros de Deus...

Sei disso por que foi lá

que estendi meus lençóis

pra secar sob os mil sóis

dos quintais do universo

- Meus fantasmas amarrados,

agora em forma de verso.

Hoje , novos coloridos cabelos

colam nas cartas da sina

outros milhões de selos,

marcando as curvas da trilha

pois, ainda outra criança

há de se antepor meio roxo-violeta

em tons de verde esperança.

E eu abri a porta,

aquela que nunca fechei,

a porta pra fora de minha estrada

e onde quer que seja a sua estada

sei que será plena...

Porque você não sabe ser incompleta,

não aprendeu a amar a parte,

tem o todo como meta.

Mas a cachaça e a arte

ainda nos redimem:

do tédio do meio dia,

da vã filosofia,

até da miocardia

e tantas cardiopatias.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 17/11/2008
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