Vergonha

Você não é mulher.

Não é corpo

Não é sexo.

Transcende o material.

Ultrapassa os limites do real.

Sua emoção, choro, baço.

Sou lágrimas puras.

Torno-me homem, material.

Por minutos sou carne

Para sentir dor

Dor no coração dos Românticos.

Você é mais

Mais do que não é

Não é o que é

É o que não pode ser.

Não há coerência.

Só fé.

Crença no inverossímil.

É arte ficcional

Que busca com a verossimilhança

Causar a emoção

A purificação

Que me faz identificar e chorar.

Não queria.

É mais forte.

É mais real.

É vida qualquer.

Qualquer sim.

Não vulgar.

É simples por isso qualquer!

Sou insignificante

Mesquinho

Pequeno.

Fábula pueril

Não tenho palavras nunca as tenho.

Não disponho de nada do tudo que tenho e desconheço

Para dar-lhe; não como retribuição

Sim como paixão.

Perdão!

Individualidade mesquinha!

Tenha; não dou pela avareza.

Retraio os sentimentos

Desculpe-me

Sou frágil, fraco.

Não mereço sua apreensão,

Seu existencialismo,

A beleza universal e incorporal.

Me perdoe.

Meu discurso polifônico.

Minha palavra fraca que não persuade.

Te adoro, minha Dora!

Desculpe a lacuna que não preencho

E as que causo.

Sou raquítico.

Sou nada

E não diga que ainda valho.

Pois ciente de que merece

Torno-me mais triste em sujeitar-se a mim

Tão pouco.

Perdoe, se não sou o que é comigo.

Ensina-me; apreendo.