A Ti, Futuro
Intrinsecamente nas entranhas
O meu grito de vitória
Se encolhe num canto qualquer
Certo que um dia,
Numa tarde
Do outono que não há,
Brotará
Em meus lábios de brisa noturna.
Sabe-se que o tempo passa,
E, assim sendo tarde,
Meu espírito tardiamente
Cantará a glória que os olhos não viram,
O prazer que o corpo quis.
Então estarei na música que não compus,
No verso que desejei
Na beleza que não tive
Nas canetas que não usei
E nos astros que me iluminaram.
Serei imortal.
Serei tempo,
Lamento sem choro,
Ar, mar...
vento.
Morto na essência corporal,
Mas presente nos átomos que compõem
Todo o teu universo.