Alguns Versos ao Recife

Contemplo uma cidade repleta de pontes,

Cidade antiga, cidade-praças, cidade-palácios,

Cidade intensamente povoada em todo o seu espaço,

Cidade-postes, cidade-teatros, cidade-fontes.

Ó cidade dos rios, quem te fez tão bela?

Será que foi o esforço dos nobres portuguêses?

Será que foi o bom-gosto dos invasores holandêses?

Será que foi obra dos religiosos e de suas rezas?

Sei que de fato tudo isso teve influência,

Mas o principal protagonista foi o povo mestiço,

Sempre atuante, sempre oprimido, sempre aguerrido,

Amantes dessa cidade, acima de qualquer governo ou regência.

Amo-te, sou um recifense da gema!

Amo-te, ó terra que me deu a luz!

Sou teus rios, teu solo, teu concreto,

Sou tuas avenidas, teus museus, teus cinemas.

Para onde caminhas, ó terra de Manuel Bandeira?

Para onde onde vais, ó amada de Ariano?

Sei que irás sempre em frente, terra que adoramos,

Engrandeces o teu nome até as mais distantes estrelas!

Do interior de um prédio alto, contemplo-te,

Admiro tuas pontes, eis teu sistema arterial,

Admiro tuas ruas, eis teu sistema circulatório,

Percursos do branco, do negro e do oriental,

És belíssima, Veneza brasileira, és algo quase ilusório,

Tamanha a sua importância histórico-social,

E tamanha a sua relevância nacional.

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Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 13/05/2006
Reeditado em 19/08/2006
Código do texto: T155497