O PONTILHISMO

para o Valdez Oliveira Cavalcanti

Cissa de Oliveira

Eu tinha coisas possíveis para esse dia,

onde a labareda que consome a mesmice

não é mais do que uma chuva fininha:

um pecado infantil, com dúzias de bombons,

uma música de base plana,

própria para a ladeira íngreme dos dias

ou um poema estremecendo a folha branca,

caso eu falasse em ventania e jardim.

Um jogo de luz e sombra sobre a camisa,

a toalha e os guardanapos, impecáveis

como rosas brancas distribuídas em taças:

nada mais houvesse naquela fotografia,

e eu ainda poetizaria

o pontilhismo tríplice do tempo

que nada no poço profundo de um olhar.

Talvez invente a noite

de manhã.

17.04.06

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 16/05/2006
Reeditado em 20/06/2007
Código do texto: T157225