Rosa de Fogo

Olhos de profunda fé e agridoce mistério

Sorrisos de excêntrica doçura desmedida

Livro de páginas abertas e não lidas

Coração virtuoso, singelo, amante, etéreo

Lúgubre e luzente natureza de Dante

Persuasivo Céu de palavras brandas

Afeto e zelo pela vida, atitudes francas

Agudeza e perspicácia admiradas doravante

És sereia de castos admiradores

Que palpita desejos fulvos juvenis

E sussurras sem saber cantos viris

Aos pobres que só sentem algores

És vinhedo da mais pura uva

A prolificar ao século vindouro

A bebida produzida na tua selva

Na tua pele, tez noctívaga, moreano-ouro

Ó Forte pedra que age no mais vigoroso inverno

Que arrisca, o amor no lânguido coração, forjicar

Impossível não se deitar ao seu primo olhar

Não ter-te afeição seria defrontar o inferno

Translúcida textura seda da mais fina sentença

Robusto porte, trigueiros seios, aguçado desejo

Aroma silvestre da flor do campo de que cobiço beijo

Sou nonato se venho a não ter, ao menos, tua presença

És mulher-sujeito que empenha sempre a sua pena

Que destrói tabus, vive destinos, e de longe nos acena

Nesta fauna de belezas internas, conquista-nos serena

Kena, acredites, só no nome és pequena.

(A Kena Moreano)