AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles têm.

E assim nas calhas de roda

Gira a entreter a razão

Este comboio de corda

Que se chama o coração.

(Fernado Pessoa)

MARIA OLIVA
Enviado por MARIA OLIVA em 31/05/2006
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