Verão de 1872
à Arthur Rimbaud
Escrevo nas caladas noites
Explico o inefável da poesia
Defino as vertigens do dia
Crio os festins dos louros
Dos dramas aos besouros
Invento apocalipses nos açoites
Elaboro teorias complexas
De ancestrais amores
Desnudo os astros amadores
Procuro carnes neste idioma
Na fúria um inerme axioma
Da realidade desconexas
Ela a deusa foi encontrada
Na eternidade a beleza
No amor misturado pesa
Ao desejo mortal, que jura
Preenche este vazio sem cura
Seja o poeta irreal da realeza
Na noite escura a morte abonada.
Dr Mendelev