VISÃO

(À minha amiga Terezinha Martini)

o que olhas, meu poeta?

Vejo nos negros escombros chamuscados

No espectro dantesco que sobrou

Da hecatombe que se abateu

Uma pena solitária de pomba

Desalojada no meio da noite

Sem salvar seus filhotes

Todas as manhãs ela volta

Ronda sobre os escombros

E no seu coração de mãe

Ecoa o arrulho incessante dos filhos carbonizados

Em sua ingenuidade, não se apercebe

Que eles voam sobre as nuvens

Com uma plumagem alva

e, ao invés de duas, tem quatro asas

Junto com as dos Anjos ... que os carregou.

JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES
Enviado por JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES em 14/06/2006
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