MENINO POETA*


 
Dessas palavras bebo... se do rumo me perco...
Não! O caminho não é, por elas, a mim apontado
Porém, em completa embriaguez, sem medo, divago
E contorno a cada obstáculo do intransponível cerco!
 
O sentir oculto tu trazes à tona mesmo que pelo avesso
E na mais doce amargura o egocentrismo é sublimado!
E ainda quando o silêncio se faz eloqüente e cristalizado
O bálsamo do talvez, na delgada entrelinha, eu reconheço!
 
O vento te devora num ignominioso e débil desapreço
Invejando-te, desditoso, o pensar tão diáfano... iluminado!
Ambicionando adentrar as portas do apenas imaginado
Presente nas emoções dos versos que por tuas mãos conheço!
 
E se no agora, impelida por inexprimível ternura, teço
Em compassos destoantes um poema desencontrado
Perdoa-me não ser o menestrel dum reino encantado
E recebe as rimas que com humildade, enfim, ofereço!
 
 
*Inspirado no texto LICOR DE ABSINTO do poeta HERMÍLIO PINHEIRO DE MACÊDO FILHO, com carinho

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