Acosta Ñu

Esta poesia é dedicada a todas as mães, principalmente as paraguaias. O texto se fundamenta na Batalha de Campo Grande - Guerra do Paraguai - que os paraguaios conhecem como Batalla de Acosta Ñu. O paraguai não tinha mais homens adultos para lutar na guerra, então Francisco Solano Lopes apela a crianças até com menos de 10 anos para lutar. Elas usam crinas de cavalos para fazerem bigodes para de londe parerem homens adultos. O Conde D'Eu, genro de Dom Pedro II, que assumira o lugar de Duque de Caxias, vendo a artimanha, manda fazer um cerco e tocar fogo no mato. No outro dia muitas mães estavam recolhendo os corpos carbonizados de seus filhos. Isso foi no dia 16 de agosto de 1869. Por isso esse dia é conhecido como "El día del Niño" - o dia da criança no Paraguai.

ACOSTA ÑU

Em tempos sidos

a fronteira

da grande nação paraguaia

e a brasileira

foi banhada,

não pela chuva serôdia,

mas por la sangre derramada.

O homem é capaz

de abandonar a paz

e na sua animalidade,

— e é bom não depreciarmos os animais

porque agem por instinto —

usaram da mais alta crueldade.

Chicos muy chicos

sacam as armas

sem saber manejá-las

velhos, muitos de bengalas,

vão para o combate

e no embate final

morrem à balas.

O grande temor

abala os pequenos

e o Conde D’Eu

com muito veneno em seu eu,

numa justiça cega

manda tocar fogo na macega,

onde a morte venceu.

Como é duro imaginar

las madrecitas,

guaranis bonitas

sobre seus filhos

vê-las chorar.

Quanto vale uma vida?

Uma fronteira mais larga?

Ou mais comprida?

Ver um povo sucumbido

simplesmente por ter crescido

mais do que “deveria”?

Enquanto isso:

O inglês ria,

o brasileiro sofria,

na sua consciência,

de que por falta de ciência,

usara sem propósitos

a sua artilharia.

Aldair Lucas
Enviado por Aldair Lucas em 06/09/2009
Código do texto: T1795203