SERio... JAPARATUBA

SERio... JAPARATUBA*

Aos meus queridos avós paternos,

FRANCISCO MEDEIROS, do Norte, do Rio Grande do Norte!

e

CARMELLA BICEGO MEDEIROS, do Sul, da Calábria, da Itália!

(In memorian)

Ó Xerife do Sergipe!

A rosa rubro-negra bordada em cetins descoloridos, em meio aos Veleiros, flutua bailarina nas correntezas do Rio de tantos tristes janeiros.

Ó Arthur, ó Urso Grande,

ó vigilante das constelações boreais!

Canecas, Sandálias e Peneiras,

e o construtor de arquiteturas da sujidade mundana

ordena o inventário do mundo para levar a Deus.

E ruge o Urso do Norte!

Vidro, corda, prego, plástico, lata, Serio... Japaratuba, a fé no bendito São Benedito, o Rio, Polaris, do Norte, a Terra, o Kosmos e o combate entre o Divino e o Profano:

rumor surdo, diálogo dos destinos desfiando num deslumbrante desfile de linhas as cores dos uniformes e dos lençóis.

Girassóis, sóis, Light, Marinha de Guerra do Brasil do Norte! Nortistartista das Vinte Garrafas Vinte Conteúdos, obra inscrita no diário divino-rosa... rosário... rio de cento e sessenta e cinco contas, conchas dos mares da Roda da Fortuna.

Xerife, lugar-tenente dos deuses!

A Colônia é santuário do Rosário,

entre ânsias e distâncias,

o Bispo impaciente

ora entre os pacientes no Planeta Paraízo dos Homens:

_ São Cristovão, rogai por nós!

Noutros tempos, tantos anos, outras datas,

e o colecionador enxadrista caminha vagaroso, e lapida, cuidadosamente, em pedra, em mármore e em lata, o calendário Juliano. E assim, eis a data:

_ A Festa de Santos Reis, de Tudo Aquilo que se Manifesta!

Pregos, fórmicas, arames, fios, tecidos... na luta mortal entre o significado e o Infante errante é tecido rente a tantos nós o Muro no Fundo da Minha Casa.

Asa, asas, mirem o porte do profano Carrossel francês

alçado ao Divino por um dossel tecido em rosas, brilhante rosário das quinze Ave-Marias e dos quinze Padre-Nossos...

“prega per noi,

prega per noi,

prega,

Ave-Maria! Nell’ora della morte, ave!”

Ó Xerife do Sergipe,

ao representante da Macumba

a mais bela tumba!

Agora és Rei, em meio às estrelas,

És chuva de Confetes.

Ó Abatjour do Templo do Kaos!

És estandarte adornado com o Manto da Apresentação.

Eis, enfim, a Sagração do Bispo do Norte.

* À presente composição poética foram conferidos Menção Honrosa e Terceiro Lugar no V PRÊMIO ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO, na categoria POESIAS E TEXTOS – evento promovido pelo Conselho Regional de Psicologia SP (www.crpsp.org.br).

PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, é primavera de 2009.