POEMA PARA O MEU AVÔ

O meu avô se chamava, como muitos,

José.

Mas tinha por orgulho um sobrenome que, dizia,

Ter origens nas bandas de Espanha ou de Holanda, talvez

Do Chile ou do México...

Era Medina. Mas era um Medina diferente daqueles que

A gente escreve quando quer falar do lugar

De oração dos muçulmanos.

Era um Medina só dele,

Só nosso

E de todos os nossos ascendentes

Mexicanos, ou Holandeses, ou Chilenos, ou Espanhóis...

Para os amigos o meu avô tinha um apelido

Que, não sei por qual motivo,

Achava-se mais simples que Zé:

Lelo.

Acho que ele adotou esse apelido de propósito,

Para que os seus netos aprendessem

A chamá-lo mais depressa.

E funcionou.

Gritávamos:

L-E-L-O!

E aquela palavra caia feito doce na boca.

Depois de alguns anos,

Para mim, não existia mais o Lelo, o José

E muito menos o Medina.

Era simplesmente Vô,

E assim foi durante todo o tempo.

O fato é que o meu avô, fazendo jus à alta nobreza

A qual pertencia, (dos Josés e dos Medina)

Era um homem riquíssimo.

Deixou de herança seu maior tesouro:

A capacidade de saber

Amanhecer

Com o cantarolar dos passarinhos.

06/01/2010

Samantha Medina
Enviado por Samantha Medina em 06/01/2010
Reeditado em 20/04/2010
Código do texto: T2014306
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