In Memoriam

Pai, perdoa-me por molestar a tua paz.

Por permitir-me quebrantar a serenidade

Que tu não experienciaste

Enquanto o teu espírito emprestava um corpo

Impuro e vulnerável como o meu.

Não te estorvaria pai, se dantes não houveste

Imiscuído em meus nebulosos sonhos,

Insistindo em murmúrios que transcendem

A minha vil percepção.

Ah! Pai...

Frustra-me contentar-me em solilóquios

Ou no apelo a imaginações que remontam

A vagas e sombrias reminiscências...

Custa-me perscrutar o passado

E identificar apenas parcos momentos

De júbilo em nossas relações.

Propicia-me, pai, então, um refrigério

Para o meu tormento e reflui do teu deleite

Para abrandar a minh’alma que, agora,

Não pode ascender-te.