CURITA

Alguma coisa me faz dizer que te adoro

Que só quando passo na Quinze ou na Avenida Deodoro

É que quando eu cheguei por aqui quis tudo entender

Da doce poesia marginal de teus Boulevards

Da elegância discreta de teus bares

Ainda não havia visto assim Trevisan

Agora seus romances estão em tudo que olho

Alguma coisa me faz dizer que te adoro

Que só quandopasso na Quinze ou na Avenida Deodoro

Quando eu te encarei frente a frente tentei ver o meu rosto

Chamei de bom gosto o que vi, de fino gosto, melhor gosto

É que Ganímedes se torna servo pra ser imortal

E o provinciano se vê seduzido pela Capital

Sem ver que a figura amada de cosmopolita não tem quase nada

E é sempre bom o começo

Tudo é novo, pois nada conheço

E deve ser assim para quem vem de outra cidade

Aprende depressa a chamar-te de felicidade

Porque é o fim do começo do começo do começo

Do povo das periferias esperando uma vida melhor

Da força dos grandes que surgem à custa de alheio suor

Da falsa ilusão europista que alguns tentam supor

Eu vejo surgir teus artistas de prédios e do mato

Tuas flores fundidas à cenários de asfalto

Sonho de bandeirantes, imigrantes e negros

Que não passa de um cemitério Tingui

E os interioranos passeiam na tua garoa

E os interioranos te podem curtir numa boa

Fabio Antônio da Silva

Grillo Tremins
Enviado por Grillo Tremins em 04/03/2010
Reeditado em 07/03/2010
Código do texto: T2119378