CURITA
Alguma coisa me faz dizer que te adoro
Que só quando passo na Quinze ou na Avenida Deodoro
É que quando eu cheguei por aqui quis tudo entender
Da doce poesia marginal de teus Boulevards
Da elegância discreta de teus bares
Ainda não havia visto assim Trevisan
Agora seus romances estão em tudo que olho
Alguma coisa me faz dizer que te adoro
Que só quandopasso na Quinze ou na Avenida Deodoro
Quando eu te encarei frente a frente tentei ver o meu rosto
Chamei de bom gosto o que vi, de fino gosto, melhor gosto
É que Ganímedes se torna servo pra ser imortal
E o provinciano se vê seduzido pela Capital
Sem ver que a figura amada de cosmopolita não tem quase nada
E é sempre bom o começo
Tudo é novo, pois nada conheço
E deve ser assim para quem vem de outra cidade
Aprende depressa a chamar-te de felicidade
Porque é o fim do começo do começo do começo
Do povo das periferias esperando uma vida melhor
Da força dos grandes que surgem à custa de alheio suor
Da falsa ilusão europista que alguns tentam supor
Eu vejo surgir teus artistas de prédios e do mato
Tuas flores fundidas à cenários de asfalto
Sonho de bandeirantes, imigrantes e negros
Que não passa de um cemitério Tingui
E os interioranos passeiam na tua garoa
E os interioranos te podem curtir numa boa
Fabio Antônio da Silva