Camille Claudel

Triste verso que lhe digo

Que em forma de escultura

Faz teu útero meu abrigo,

Sozinho na beira da solidão.

- Loucura! Eles proclamam,

Amaldiçoados pelo destino.

É escura e vazia esta sala,

Que décadas passo aqui.

Sozinho...

Triste...

Lá fora pássaros cantam o dia

Ao som de um inverno

No mármore úmido e frio

Dos jardins da melancolia.

(Enquanto os contornos do teu corpo

Faz fugir a mente insana!).

Reascende, oh, fogo!

RAMON MORAYS

FEVEREIRO/2009

_____________ // _______________

A Virgem do meio-dia

É meio-dia!

Vejo a igreja aberta.

Será forçoso entrar.

Mãe de Jesus Cristo, não venho rezar.

Nada tenho a oferecer e nada a pedir.

Simplesmente venho para te olhar.

Olhar, chorar de felicidade e me dar

conta que sou teu filho e que tu estás aí.

Nada. Apenas um momento de parada.

Meio-dia.

Ser teu neste lugar em que estás.

Não dizer nada. Simplesmente contemplar teu rosto.

Deixar o coração cantar com sua própria linguagem.

Nada dizer, somente cantar

porque o coração transborda

como o melro que insiste no seu canto

em versos repentinos.

Porque é meio-dia

porque estamos neste dia de hoje.

Paul Claudel - irmão de Camille claudel

RamonMorays
Enviado por RamonMorays em 10/04/2010
Reeditado em 15/10/2011
Código do texto: T2189464