Poesia dos pobres

O que sinto nem sempre pode sair

combinado no mais belo falar;

nem sempre é possível esse existir,

charmoso e alegre sobre o mar.

É difícil o ato da escrita,

mais ainda se tem talento;

a palavra tem que ser bonita

e nunca um borrão se derretendo!

Mas se o que sinto é um borrão;

se derreto, o que fazer?

Versos de pobre? Não!

Não te concedo este poder!

Mas pobre eu sou, um desgraçado;

como verter algum valor?

Tirar de senso tão humilhado,

verso formoso que venha a se impor?

Por isso escrevo este parnaso;

dedicado totalmente aos pobres.

é só outra coisa que faço,

nem das mais belas, nem das mais nobres.