Carta à Mãe...no Céu

Encostei

Minha cabeça

No teu regaço adorado

E sonhei....

Descansado.

Naquele quentinho quando fugia

para a tua cama

e fingias que dormias;

Naquele fogo que via

da janela do meu quarto

de criança

que tu apagavas;

Na cabeça dorida

de tanto esfregar o travesseiro

fingindo doente e tu

que fingias que não vias;

Nos primeiros poemas

rabiscados na parede caiada

do quarto pequenino mas só meu,

que toleravas

e creio eu

até gostavas.

Do primeiro poema à Mãe.

Nem imaginas o que me custou escrever-to.

Era tanto o que tinha a dizer

que não cabia na gramática

que sabia.

Das tuas cartas escritas

comigo em Lamego,

no Colégio.

Nem sonhas como as esperava.

Como as relia

e te procurava para além daquelas

montanhas altas.

E eu no fim do mundo.

De como me fiz Homem.

Contigo sempre comigo.

E como talvez eu te tenha

também

ajudado a ser Mãe.

Mãe de todos os nove.

Mas também só minha.

E só de cada um.

Choro e rio de alegria

Neste dia.

Nas lágrimas e risos

visíveis no teclado

do meu computador

ao compor estes versos,

vai muito do que sou e do que és.

Bem hajas

Minha Mãe

Meu amor

Manuel Paulo
Enviado por Manuel Paulo em 09/09/2006
Código do texto: T236501